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De acordo com o Google Trends[1], a busca por ferramentas de inteligência artificial (IA) aumentou 507% entre agosto de 2022 e agosto de 2023. Isso se deu em grande parte ao enorme sucesso do ChatGPT, uma aplicação disruptiva da IA. Em resumo, o ChatGPT é uma tecnologia de processamento de linguagem natural que compreende e produz textos em resposta a determinados comandos[2].

 

Essa tecnologia é benéfica para diversos setores, incluindo o setor público[3]. O ChatGPT pode aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos serviços governamentais[4]. Sua utilização é diversa, podendo otimizar tarefas cotidianas, atendimento ao público, suporte à tomada de decisões, gerenciamento de documentos, análise de opiniões públicas, geração de previsões, melhorias de processos, entre outros.

 

Com o avanço de uma tecnologia tão poderosa, é natural questionarmos até que ponto o ChatGPT pode evoluir e quais serão as consequências. Um estudo da Universidade de Oxford, em 2013, apresentou a possibilidade de 47% dos empregos nos EUA serem substituídos por IA nos próximos 20 anos[5]. Certamente, essas novas tecnologias impactarão o mercado de trabalho, mas como será o impacto no setor público? O ChatGPT pode substituir o servidor público?

 

Apesar dessa ferramenta gerar respostas coerentes e contextualmente relevantes, ela não entende o texto da mesma forma que os humanos. Isso ocorre em razão de que a inteligência artificial não possui crenças, opiniões ou acesso ao conhecimento do mundo real, além do limite de dados de treinamento. No entanto, apesar da ausência de crenças e opiniões, essa tecnologia não deixa de ser tendenciosa em termos de algoritmos[6].

 

Portanto, mesmo que as tecnologias de processamento de linguagem natural, como o ChatGPT, possam ajudar em variadas tarefas do setor público, é improvável a substituição completa de cargos e funções desempenhadas pelos funcionários públicos[7]. Esses servidores desempenham papéis essenciais na formulação de políticas, prestação de serviços, julgamento de ações e tomadas de decisões. Essas ações necessitam de discernimentos éticos, legais e sociais, que estão além da capacidade de sistemas de inteligência artificial.

 

Dessa forma, é altamente provável que essas tecnologias sejam adotadas principalmente como recursos de apoio e complemento às atividades dos servidores públicos. No entanto, é relevante ressaltar que tecnologias de IA, como o ChatGPT e outras similares, já estão sendo implementadas por governos em outros países, a exemplo da ferramenta Pair[8] em Cingapura[9] e ERNIE Bot[10] na China[11]. Portanto, a incorporação dessas tecnologias no contexto brasileiro parece ser inevitável nos próximos anos e muitas iniciativas de desenvolvimento já estejam em andamento. Nesse sentido, os servidores públicos que investirem em aprimorar suas habilidades e adquirirem conhecimentos para utilizar essas novas ferramentas estarão em posição vantajosa em relação àqueles que optarem por desconsiderar essas e outras novas tecnologias que irão surgir.

 

 

 

[1] https://trends.google.com.br/trends/

[2] https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2949948823000033?via%3Dihub

[3] https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=4378771

[4] https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=4544943

[5] https://www.oxfordmartin.ox.ac.uk/downloads/academic/future-of-employment.pdf

[6] https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=4544943

[7] https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0268401223000233

[8] https://www.open.gov.sg/products/pair/

[9] https://www.businesstimes.com.sg/startups-tech/startups/singapore-developing-software-chatgpt-features-public-sector

[10] http://research.baidu.com/Blog/index-view?id=183

[11] https://www.aljazeera.com/economy/2023/8/31/chinas-baidu-rolls-out-chatgpt-rival-ernie-to-public